quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Ela não falava nada

Sou um maldito fiscal da Receita. E por ser um filho da puta desses, geralmente
me recrutam para algum serviço sujo acompanhado sempre de alguém para vigiar
possíveis sujeiras.
Minha companhia de ontem era feminina. Não foi a primeira mulher a me
acompanhar nesses passeios preciosos, mas como ela...
A vadia – e somente uma mulher de respeito pode ser chamada de vadia – saiu
comigo pela manhã rumo ao ponto de táxi. Nossas obrigações envolviam uma empresa
de cosméticos localizada na zona sul da cidade. Lugar aprazível, mas isso pouco
interessa nesse conto.
Uma vadia sabe se vestir bem: salto alto preto, aquela lingerie discreta por baixo
de um vestido que pra mim sempre será visto como uniforme de secretária. Um cabelo
perfeito, preto, liso, nem curto nem longo. Uma pele branquinha, mas aquela pele da
melhor época da mulher, entre os 30 e 40 anos. Época que toda mulher se confessa
mulher. Eu agradeço muito... Pra finalizar essa descrição, um baton vermelho que já
indica um traço perfeito de sua personalidade.
Era de manhã bem cedo. O sono ainda me entorpecia. Esse tipo de torpor
misturado com uma visão dessas deixa o pau bem melado. E eu não me aguentava.
Feito um adolescente, eu o acariciava por cima das calças. Como um adolescente
escondido da mãe no banheiro com a revista de uma dessas artistas da bunda.Ela
percebia a indecência, mas não dizia nada.
Passamos a manhã inteira como todo ser humano digno, mergulhado na correria
do trabalho; o calor a ser mais um fardo... O melhor de tudo, eu acho, sinceramente, é que ela não dizia nada pra mim. Almoçamos num restaurante e depois saímos para
terminar nossas obrigações em silêncio. E eu me perguntando numa insistência
rodriguiana: “essa mulher não tem língua? Mas essa maldita não tem mesmo língua?”
Saímos da empresa de cosméticos e seguimos para o ponto de táxi. Ela entrou
primeiro, claro e já falou com o motorista. Entrei e seguimos. Quando chegávamos
próximos do trabalho, mudamos aquele rumo diário, comum, de nossas vidas comuns.
Fiquei calado, ela...
Chegamos numa rua tranqüila. Ela desceu do carro... óbvio, também desci. A
piranha subiu a escada do prédio com um ar diferente e olhou para mim. Só isso.
Aquela puta mulher me olhou, simplesmente.
Subimos mais um lance de escada, dentro do prédio. Ela abriu uma porta e
pronto: tudo mudou! Fechou a porta como se quisesse fechar a Receita. Ajoelhou-se,
abriu minhas calças e colocou aquela língua divina pra fora, banhando minha cabeça
mais preciosa.
Lambeu por algum tempo e falou: o que você acha de me comer aqui mesmo?
Eu fiquei bambo! Não pelo tesão, pelo desejo que todo homem tem de ouvir
algo assim, mais ainda por ser as primeiras palavras que você escuta de uma criatura
assim. Ainda não entendo minhas pernas bambas. Talvez seja uma epifania que ainda
estou digerindo.
Sei que fiquei mudo, e só a coloquei sentada numa cômoda de pernas abertas.
Aquela buceta perfeita. A mais perfeita de todas as bucetas da humanidade. Olha que eu
não comi tantas, mas tenho certeza que é a mais perfeita! Imaginem vocês, limpinhos,
prontos para lamberem uma bela buceta suada depois de um dia inteiro de trabalho.
Vocês diriam: “meu bem, tome um banho para fazermos amor”. Pobre de vocês! Não
sabem o que é degustar uma buceta suada!
Lambi muito! Mas muito! Como se nunca tivesse feito aquilo nessa minha vida

miserável! A língua se afunilava para provar aqueles lábios sedentos! Repetia cada
gesto como se fosse uma reza num colar de contas.
A vadia, volto a dizer, somente uma mulher de respeito pode ser chamada de
vadia, começava a tremer as pernas e balbuciar algumas palavras que eu pouco me fodia
em entender. Pra mim, a resposta de tudo estava na minha frente.
Meu pau, já com a cabeça toda melada, estava a ponto de explodir. Levantei-me
e enfiei a cabeça. Olhei nos olhos da vadia enquanto ela lambia os lábios. Ela realmente
tinha uma língua!
Suas pernas abraçaram meu corpo enquanto eu invadia aquele templo como um
animal selvagem. Não sou o melhor dos homens, nem o melhor dos amantes, mas acho
que fui como o melhor dos homens e o melhor dos amantes naquele momento.
Comi uma, duas, três vezes!
Por fim, vimos que nosso trabalho era especial e decidimos continuar sendo as
mesmas ratazanas de sempre.

A.M